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Por Vivian Oswald — Brasília
Publicado em 18/07/2024
Um grupo de acadêmicos e especialistas do mundo inteiro acaba de entregar aos países do G20, o grupo das 19 maiores economias do mundo mais União Europeia (UE) e União Africana, recomendações de políticas que considera prioritárias para enfrentar grandes questões globais. A lista vai do desenvolvimento de uma base de dados comum (Data20) — uma plataforma multilateral para a formulação de políticas — e transformação digital inclusiva dos serviços públicos com uso da inteligência artificial (IA) à criação de um imposto mínimo global sobre indivíduos de alta renda e corporações altamente poluentes.
Também pede que se desenhem mecanismos de financiamento misto inovadores para compensar falhas de mercado e reduzir os riscos de investimentos em países em desenvolvimento.
O documento montado pelo T20 — onde o “T” na sopa de letrinhas dos chamados grupos de engajamento da sociedade civil representa os think tanks — pretende-se apartidário e atemporal. As recomendações não necessariamente constarão do comunicado final do G20, mas chancelam as prioridades traçadas pela presidência brasileira do grupo a partir de estudos científicos e do debate entre especialistas.
O documento com as posições de consenso de chefes de Estado e de governo será anunciado na reunião de cúpula do G20, em novembro, no Rio. O evento marca o fim do comando brasileiro do bloco e a passagem do bastão para a África do Sul.
Coordenado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), pela Fundação Alexandre de Gusmão (Funag) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o T20 Brasil ouviu 121 think tanks internacionais, entre os quais 16 de nove países africanos, pela primeira vez incluídos. O trabalho levou em conta a análise de mais de 300 relatórios de políticas públicas.
É a primeira vez que as recomendações da academia chegam aos negociadores do G20 com antecedência, exigência da presidência brasileira.
A próxima etapa é levantar medidas concretas para tirar do papel as recomendações. E não é só isso. Segundo Julia Dias Leite, CEO do CEBRI, o T20 agora quer sentar-se com o B20 (o grupo das empresas dos países do G20, conduzido pela Confederação Nacional da Indústria) para que formulem uma única lista de recomendações prioritárias acordadas entre eles. A ideia é aumentar a pressão sobre os governos antes que estes concluam as diretrizes para enfrentar os problemas globais.
Ex-ministra do Meio Ambiente, a Conselheira do CEBRI Izabella Teixeira diz que a urgência agora é outra:
— A mudança climática colapsou o futuro. Como dizia Renato Russo, o futuro não é mais como antigamente. Não existe uma projeção linear — afirma.— Agora vemos o processo disruptivo com a natureza, que tem na questão climática seu carro-chefe.
Ou seja, as incertezas não são apenas climáticas, mas científicas. A temperatura do planeta aumentou e há previsões de mais fenômenos extremos, que não se sabe onde e quando ocorrerão. O caso do Rio Grande do Sul, diz Izabella, é prova disso:
— Você vai ter que acelerar o conhecimento científico, não só globalmente, mas regionalmente, nacionalmente.
Para o Cebri, o foco deve estar nas oportunidades oferecida pelas transições energética e digital.
— É preciso lidar com sinergias e evitar dissensos — diz a gerente executiva da entidade, Teresa Rossi.
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